sábado, 29 de março de 2008

Alguns Segredos (4)

O verso será meu
enquanto oculto
Longe de mim
(invento)
descreverá silêncio.


Foto: Bergamo Alta - vlle. delle Mura (Italia)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Casual encontro



poderia supor uma circunstância
ou desígnio
sem que fosse a aventura
do universo
ou apenas fantasia
engendrada à distância
- flor e aço -
um amparar brusco
platônico...
promessas com caminhos
diferentes:
morte
e lembrança.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Relatos (4)


pouco menos que paisagem:
pedras e paredes em defensiva
quase artifício

escrupuloso invento
talvez
apenas vulto

quarta-feira, 26 de março de 2008

terça-feira, 25 de março de 2008

Canto de Outono


Como desprezar as chances da pesca,
as formas usuais das iscas e as luzes do Outono?
Como desfazer as regras das vozes
do convés e dar vez às águas?
Como temer a sentinela e as vestes
apropriadas da insônia?
Tudo, sem tornar a ocasião em habitual
ausência da terra e marinharia
sem músculos:
Suplicar e,em ato de fé, negar três vezes a identidade do mar
e, se tempo houver, saciar
a sede em miragem náutica
soprar as velas em agonia
na direção do porto inacabado
deixar as amarras e suportar as dores
que chegam em ondas ...

domingo, 23 de março de 2008

Florianópolis - Aniversário


Pântano do Sul

Habitam teu ventre
marinho
sagrados pássaros
e homens
Pré-históricos
atos
espalham nas areias
restos
do trabalho diário
Tua energia
de mãos calejadas
me absorve.
Eu te respiro
aliviado ...

(Uma homenagem à Cidade e uma personagem do Ilha: Seu Arante, do Pântano do Sul)

sábado, 22 de março de 2008

Assim findou o dia...


assim findou o dia:
com prenúncios de um tempo novo
e incomum, o sol desenhando sonhos
à lua
sem qualquer artifício iluminando
as ruas
detendo os olhares e reservando
à memória o fulgor da tarde


quinta-feira, 20 de março de 2008

Assim começou o dia...


assim começou o dia:

o céu fugindo do fogo
da estação
com águas suspensas

abraçando
sombras
de Outono
numa cerimônia
nova e especular..





terça-feira, 18 de março de 2008

Signo (9)


nove poemas
nove novenas

todos os versos
todos os cânticos
ressoam cansados

nove vezes
nove preces

todas as rezas
todas as velas
acesas

todas as vozes
bocas caladas
ensaiando segredos
confessos

confusas sentenças
das faltas
falsas
que tememos
impunes...

domingo, 16 de março de 2008

Signo (8)


cíclico:

volta-e-meia
volta-se
ao lugar
de partida

casto:

opondo-se ao prazer
desfaz
intenções
entre tensas mãos
e imãs...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Signo (4)



(in)vento
de través

larga âncora
ou poente

um porto
negando amparo

outro
em silêncio
breve

quarta-feira, 12 de março de 2008

Relatos (2)


possíveis versos
vértices
que se inventam
estreitos
olhares adversos
espalhando Eus
após Eu
outros semelhantes
versos
que vertem
rotineiros segredos
outros
que não se guardam
no tempo
versos
que explodem
nas folhas
sinais de desassossego...

terça-feira, 11 de março de 2008

Relatos (1)

há que separar
hora da hora
vazia

há que separar
silêncio do silêncio
contínuo

há que sentir
profundo outro sentir
alheio

há a voz discreta
e a vez do grito
há desejo
e rumo
...

segunda-feira, 10 de março de 2008

(...)



a tarde intocável:
nas entranhas
as labaredas

olhores passageiros
argüindo
o ocaso

domingo, 9 de março de 2008

Casuais (11)


gravo
símbolos nas linhas

e nada explico

invento a voz
e os gestos desdenham
cúmplices

algo exponho
parte embrenha-se
em fuga
...

Casuais (10)

se il meglio che faccio
é silenzio
un soppesare costante
mi guida

se il meglio che faccio
é silenzio
spio gli altri

pochi intenti
mi contentano:
uno spazio
incerto
o silenzio ...


(trad. Cris Vuerich)

sábado, 8 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

A inversão do mar (1)


mar ácido
espaço metálico
de naves avulsas

mar indefinido
cinza
não natural
não certeza
superficial

mar extenso
insosso
e desossado
estaleiro vazio...

terça-feira, 4 de março de 2008

domingo, 2 de março de 2008

Canto Marinho (II)

Barco quer
mar

quer luz
e porto

braços
de armar
rede

solidão
em fios
e nós
vazios

Canto Marinho (I)

Todas as paisagens param
diante do mar
os homens
estancam os pés
numa firmeza
singular
Todas as paisagens
sobram
quando mar
põe-se à vista
e as mãos
revelam aos olhos
dos outros
as sensações de mar ...

Signo (3)


algo acaso
descola-se
na sombra

desloca-se
do corpo
num sopro

quase-intenso
quase-invento