e os dias
inteiros
misturo as eras
alinho as cruzes
desdenho das aves
tinjo minhas vestes
descubro cores
invento frutos
liberto-os da casca
colho e repouso
escavo mais fundo
crio labirintos
- me aventuro...
O mar está convidando
outros mares
e os anjos matutinos
os peixes
de chumbo
os barcos
todos os homens
num movimento triste
e espuma.
O banquete será submerso
e o sal queimará amistoso
as cordas
os fios das redes
distraídas
lamparinas
rochas incandescentes
(toda aflição do mundo).
os olhos estelares
e outras testemunhas
enquanto roga a vigília
dos faróis
o silêncio das ilhas
a volta dos náufragos.
O mar está convidando
as estações
sem laços
o horizonte
e todo azul possível ...
Deixará a água explodir
na água
enquanto engolirá
terras e pedras
com língua voraz
de mar ...
e constrói
essência
- vibrante silêncio
a poeira
e possíveis restos
que esqueço
Cumpre a sina
de ser
promessa.
Observo Bryggen ao entardecer
de um ponto em Holbergskaien:
as fachadas com cores vibrantes
e os ângulos agudos dos telhados
me arrebatam...
Aproveito para absorver um pouco
da magia humana e seus engenhos.
Naquele espaço
a eternidade parece construída
e reconstruída no ardor e desejos
incessantes da Cidade.
Todo o universo
engendrado em madeira
e ânimo
- nada ao acaso
sustentam uma devoção
com a paisagem.
As promessas de chegar perto
alargam a minha alma
impaciente de visitante.
Bryggen é signo e adorno
que acende o tempo
e suas escalas,
é também um momento
suspenso de Bergen.