quarta-feira, 30 de abril de 2008

A vez do Outono (1)


estudo os sóis
e os dias
inteiros

misturo as eras
alinho as cruzes
desdenho das aves

tinjo minhas vestes
descubro cores
invento frutos
liberto-os da casca

colho e repouso
escavo mais fundo
crio labirintos
- me aventuro...

E... Ljubljana

Foto: Ljubljana (Eslovenia) - numa das inúmeras pontes, livros e mais livros. Adorável lugar.

domingo, 27 de abril de 2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008


Antes de ser agora
o tempo espalhou-se
no passado.
Antes de servir
o lábio,
cínico,
sorriu salobro...

- nem à sede sugeriu
sentenças
nem à verve
descreveu verdades...

Alguns segredos (7)

Uma sombra arrogante
move-se nas paredes
e repete meus gestos
num silêncio de morte...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Il Mare


O mar está convidando
outros mares
e os anjos matutinos
os peixes
de chumbo
os barcos
todos os homens
num movimento triste
e espuma.

O banquete será submerso
e o sal queimará amistoso
as cordas
os fios das redes
distraídas
lamparinas
rochas incandescentes
(toda aflição do mundo).

O mar está convidando
os olhos estelares
e outras testemunhas
enquanto roga a vigília
dos faróis
o silêncio das ilhas
a volta dos náufragos.

O mar está convidando
as estações
sem laços
o horizonte
e todo azul possível ...

Deixará a água explodir
na água
enquanto engolirá
terras e pedras
com língua voraz
de mar ...

Bem Brasil!

Registro...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Outros inventos (3)


Organizo uma fantasia
qualquer...

Sem destino
sem endereço
prolongo os dias
com horas postiças.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Outros inventos (2)


meu verso é esparso
movimento
inverso

escorre

escava
a alma
escondido ...


Foto: Amsterdam (proximidades da Spui Square)



Outros inventos (1)

Todo verso novo
é vento que sopra
vela
azul de mar
e céu de pássaro ...

Traduz
e constrói
essência
- vibrante silêncio

Consome de mim
a poeira
e possíveis restos
que esqueço

Cumpre a sina
de ser
promessa.

domingo, 13 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Bergen (4)


Entre meu encontro com a Cidade
e a despedida
instalaram-se os mares
e as estações.

Assim mesmo
tento conter na alma
a essência da construção
humana que é a proximidade
sem ser geografia...

Eu permaneço naquele lugar
disposto a lapidar os dias
e o destino ...

- Uma cicatriz me sentencia
ao retorno.


Foto: Bergen - vista do Monte Floyen

Bryggen (3)

domingo, 6 de abril de 2008

Bryggen (2)

Bergen (3)



Cidade das sete montanhas

- sete mães prodigiosas
e protetoras
para o ventre-abrigo
de habitantes e passageiros

- sete visões fantásticas
para as incessantes
embarcações
e luas

- sete estátuas sólidas
imortais e assombradas
-sete esculturas divinas
povoadas de suposições

deleite para as bruxas de maio
e para os olhares
que esquadrinham o horizonte...



Foto: Bergen (NO) - Zachariasbryggen em destaque.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bergen (2)

Observo Bryggen ao entardecer
de um ponto em Holbergskaien:
as fachadas com cores vibrantes
e os ângulos agudos dos telhados
me arrebatam...
Aproveito para absorver um pouco
da magia humana e seus engenhos.
Naquele espaço
a eternidade parece construída
e reconstruída no ardor e desejos
incessantes da Cidade.
Todo o universo
engendrado em madeira
e ânimo
- nada ao acaso
sustentam uma devoção
com a paisagem.
As promessas de chegar perto
alargam a minha alma
impaciente de visitante.
Bryggen é signo e adorno
que acende o tempo
e suas escalas,
é também um momento
suspenso de Bergen.

Foto: Bryggen (Bergen, No) vista de Holbergskaien - proximidades do Hotel Augustin

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Bergen (1)


Em Julho o sol não se esconde totalmente
finge apenas
e espreita tua silhueta
de cidade amada,
tuas linhas intensas e dramáticas
tecidas no tempo
e nas águas que te sublimam.
Eu te reverenciei com minhas forças
e mesmo atento não apreendi
tuas ruas e nomes
tua gente
e os segredos instantâneos
das tuas entranhas de cidade.
Desejei me apropriar de uma janela
e contemplar teus movimentos de anfitriã
para decifrar teus princípios.
Confesso que desde o primeiro instante
em que me deparei com tua paisagem
desejei como nunca
entardecer contigo...

Foto: Bergen (NO)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Numa aventura...


quando mergulhamos únicos
em sombras costumeiras
o mundo parece impenetrável:
não sobram mares
ou portos espaçosos
nada é íntimo
os terraços tornam-se cegos
e o horizonte, tédio
a lua apenas advinha chuvas
e os olhares negam
o que é familiar, desfiguram-se
nossos ritos
- desesperadamente remamos ao passado...